sábado, abril 15

HOMILIA DE BENTO XVI (DMJ) - «Tua palavra é lâmpada para os meus pés, luz para o meu caminho» (Sal 118)

Há vinte anos, graças ao Papa João Paulo II, o Domingo de Ramos converteu-se de maneira particular no dia da juventude, o dia em que os jovens do mundo todo saem ao encontro de Cristo, desejando acompanhá-lo em suas cidades e seus países para que esteja entre nós e possa estabelecer no mundo sua paz. Se quisermos sair ao encontro de Jesus e caminhar depois com ele por seu caminho, temos de perguntar:
Por quais caminhos quer guiar-nos?
O que esperamos dele?
O que se espera de nós?
Para compreender o que aconteceu no Domingo de Ramos e saber o que significa não só para aquela época mas para todos os tempos, é importante um detalhe, que para seus discípulos converteu-se na chave para compreender aquele acontecimento, quando, depois da Páscoa, recordaram com um novo olhar aqueles dias tumultuosos.
Jesus entra na Cidade Santa montado em um jumento, ou seja, o animal da simples gente do campo, e também um jumento que não lhe pertence, que tomou emprestado para esta ocasião. Não chega em uma luxuosa carroça real, nem a cavalo como os grandes do mundo, mas em um jumento tomado emprestado.
João conta-nos que em um primeiro momento os discípulos não entenderam isso. Só depois da Páscoa deram-se conta de que deste modo Jesus estava cumprindo os anúncios dos profetas, mostrava que sua ação derivava da Palavra de Deus e a levava a seu cumprimento. Lembraram-se, diz João, de que no profeta Zacarias se lê: «Não temas, filha de Sião; veja que vem teu Rei montado em um jumento» (João 12, 15; Cf. Zacarias 9, 9). Para compreender o significado da profecia e deste modo a acção de Jesus, temos de escutar todo o texto de Zacarias, que segue dizendo: «O suprimirá os carros de Efrain e os cavalos de Jerusalém; será suprimido o arco de combate, e ele proclamará a paz às nações. Seu domínio irá de mar a mar e desde o Rio até os confins da terra» (9,10). Deste modo, o profeta faz três afirmações sobre o rei vindouro.
  • Em primeiro lugar, diz que será um rei dos pobres, um pobre entre os pobres. A pobreza entende-se neste caso no sentido dos «anawin» de Israel, dessas almas crentes e humildes que vemos ao redor de Jesus, na perspectiva da primeira bem-aventurança do Sermão da montanha. Pode-se ser materialmente pobre, mas ter o coração cheio de ânsia de riqueza e do poder que deriva da riqueza. O facto de que vive na inveja e na avareza demonstra que, em seu coração, forma parte dos ricos. Deseja tocar a repartição dos bens, mas para que ele mesmo encontre-se na situação que antes ocupavam os ricos. A pobreza no sentido de Jesus --no sentido dos profetas-- pressupõe sobretudo a liberdade interior da avareza e do afã de poder. Trata-se de uma realidade maior que uma repartição diferente dos bens, que se limitaria ao campo material, e que faria ainda mais duros os corações. Trata-se, antes de tudo, da purificação do coração, graças à qual se reconhece que a posse é responsabilidade perante os demais, e se deixa guiar por Cristo que, sendo rico, fez-se pobre por nós (Cf. 2 Coríntios 8,9). A liberdade interior é o pressuposto para superar a corrupção e a avareza que a estas alturas devastam o mundo; esta liberdade pode encontrar-se só se Deus converte-se em nossa riqueza; só pode encontrar-se na paciência das renúncias cotidianas, nas quais se desenvolve como liberdade autêntica. No Domingo de Ramos aclamamos o rei que nos indica o caminho para esta meta, Jesus, e lhe pedimos que nos leve consigo em seu caminho.
  • Em segundo lugar, o profeta mostra-nos que este rei será um rei da paz: fará que desapareçam os carros de guerra e os cavalos de batalha, romperá os arcos e anunciará a paz. Na figura de Jesus, isto se concretiza com o sinal da Cruz. É o arco quebrado, em certo sentido o novo, o autêntico arco-íris de Deus, que une o céu e a terra e estende pontes entre os continentes sobre os abismos. A nova arma que Jesus põe em nossas mãos é a Cruz, sinal de reconciliação, sinal do amor que é mais forte que a morte. Cada vez que nós fazemos o sinal da Cruz, temos de nos lembrar de não responder à injustiça com outra injustiça, à violência com outra violência; temos de nos lembrar de que só podemos vencer o mal com o bem, sem oferecer mal por mal.
  • A terceira afirmação do profeta é o pré-anúncio da universalidade: o reino do rei da paz estende-se «de mar a mar... até os confins da terra». A antiga promessa da Terra é substituída aqui com uma nova visão: o espaço do rei messiânico já não é um país determinado, que se separaria dos demais, e que inevitavelmente tomaria posição contra os demais países. Seu país é a terra, o mundo inteiro. Superando toda delimitação, na multiplicidade das culturas, cria unidade. Penetrando com o olhar nas nuvens da história, vemos aqui como emerge desde longe na profecia a rede das comunidades eucarísticas que abraça todo o mundo, uma rede de comunidades que constituem o «Reino da paz» de Jesus, de mar a mar até os confins da terra. Ele chega a todas as culturas e a todas as partes do mundo, por toda parte, às miseráveis cabanas e aos pobres povoados, assim como ao esplendor das catedrais. Por toda parte ele é o mesmo, o Único, e deste modo todos os orantes reunidos, na comunhão com ele, estão unidos também entre si em um único corpo. Cristo governa fazendo-se nosso pão e entregando-se a nós. Deste modo constrói seu Reino. Este nexo se resulta totalmente claro em outra frase do Antigo Testamento que caracteriza e explica o sucedido no Domingo de Ramos. A multidão aclama Jesus: «Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor» (Marcos 11, 9; Salmo 117[118], 25s). Esta frase forma parte do rito da festa das cabanas, durante a qual os fiéis se movem em torno do altar, levando nas mãos ramos de palma. Agora as pessoas lançam este grito ante Jesus, em quem vê aquele que vem no nome do Senhor: a expressão: «O que vem em nome do Senhor», de fato, havia-se convertido na maneira de designar o Messias. Em Jesus reconhecem a quem verdadeiramente vem no nome do Senhor e traz a presença de Deus entre eles. Este grito de esperança de Israel, esta aclamação a Jesus durante sua entrada em Jerusalém converteu-se com razão na Igreja na aclamação a quem, na Eucaristia, sai ao nosso encontro de uma maneira nova. Saudamos a quem na Eucaristia sempre chega entre nós no nome do Senhor unindo na paz de Deus os confins da terra. Esta experiência da universalidade faz parte da Eucaristia. Dado que o Senhor vem, nós saímos de nossas realidades exclusivistas e passamos a formar parte da grande comunidade de todos os que celebram este santo sacramento. Entramos em seu reino de paz e aclamamos nele em certo sentido nossos irmãos e irmãs, por quem vem para criar um reino de paz neste mundo lacerado. As três características anunciadas pelo profeta --pobreza, paz, universalidade-- estão resumidas no sinal da Cruz.

Por este motivo, e com razão, a Cruz converteu-se no centro das Jornadas Mundiais da Juventude. Houve um período --e não ficou totalmente superado-- no qual se rejeitava o cristianismo precisamente por causa da Cruz. A Cruz fala de sacrifício, dizia-se, a Cruz é sinal de negação da vida. Nós, contudo, queremos a vida inteira, sem restrições e sem renúncias. Queremos viver, nada mais que viver. Não nos deixamos limitar pelos preceitos e as proibições --dizia-se e se continua dizendo--; queremos riqueza e plenitude. Tudo isto parece convincente e sedutor; é a linguagem da serpente que nos diz: «Não vos deixeis atemorizar! Comei tranqüilamente de todas as árvores do jardim!».

O domingo de Ramos, contudo, diz-nos que o autêntico grande «sim» é precisamente a Cruz, que a Cruz é a autêntica árvore da vida. Não alcançamos a vida apoderando-nos dela, mas dando-a. O amor é a entrega de nós mesmos e, por este motivo, é o caminho da vida autêntica simbolizada pela Cruz.

Hoje se entrega a Cruz que foi o centro da Jornada Mundial da Juventude em Colônia a uma delegação para que comece seu caminho para Sydney, onde em 2008 a juventude do mundo quer reunir-se de novo ao redor de Jesus para construir junto a ele o reino da paz. De Colônia a Syndey, um caminho através dos continentes e das culturas, um caminho através de um mundo lacerado e atormentado pela violência! Simbolicamente é como o caminho de mar a mar, desde o rio até os confins da terra. É o caminho de quem, com o sinal da Cruz, entrega-nos a paz e faz de nós portadores de sua paz. Agradeço os jovens que levarão pelos caminhos do mundo esta Cruz, na qual quase podemos tocar o mistério de Jesus. Peçamos-lhe que ao mesmo tempo abra nossos corações para que, seguindo sua cruz, convertamo-nos em mensageiros de seu amor e de sua paz. Amém.

quinta-feira, março 30

Faça mais...

Faça mais que existir. Viva.
Faça mais que ouvir. Escute.
Faça mais que concordar. Coopere.
Faça mais que falar. Comunique-se.
Faça mais que brilhar. Desaboche.
Faça mais que gastar. Invista.
Faça mais que pensar. Crie.
Faça mais que trabalhar. Seja excelente.
Faça mais que compartilhar. Dê.
Faça mais que decidir. Discirna.
Faça mais que considerar. Comprometa-se.
Faça mais que perdoar. Esqueça.
Faça mais que ajudar. Sirva.
Faça mais que coexistir. Reconcilie-se.
Faça mais que cantar. Louve.
Faça mais que pensar. Planeie.
Faça mais que sonhar. Realize.
Faça mais que ver. Perceba.
Faça mais que ler. Aplique.
Faça mais que receber. Haja co reciprocidade.
Faça mais que escolher. Concentre-se.
Faça mais que desejar. Acredite.
Faça mais que aconselhar. Ajude.
Faça mais que falar. Transmita.
Faça mais que incentivar. Inspire.
Faça mais que somar. Multiplique.
Faça mais que mudar. Melhore.
Faça mais que alcançar. Estenda.
Faça mais que ponderar. Ore.
Faça mais que apenas viver.
Viva como Jesus ensinou.

(Livro: «O Bom é inimigo do Óptimo» - John L. Mason)

quinta-feira, março 16

Guarda quer criar Conselho Diocesano da Pastoral Juvenil

A diocese da Guarda realizou este fim de semana a primeira Assembleia de Grupos de Jovens, com vista à partilha de problemas, anseios, projectos e actividades que cada grupo da diocese propõe.
O Pe. Jorge Castela, responsável do Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil, disse que esta é “uma iniciativa para continuar” e à qual se pretende dar “um carácter mais vinculativo” com a realização de reuniões em “duas ou três vezes por ano”, de modo “a concluir com a criação do Conselho Diocesano de Pastoral Juvenil”.
Nesta assembleia onde participaram apenas representantes de 17 grupos, foram manifestadas pelos jovens algumas preocupações. “A falta de disponibilidade e a falta de compro-misso de vida, cristão” são as dificuldades que mais sobressaíram desta assembleia.
“Os jovens estando ocupados com muitas outras coisas não têm disponibilidade para se entregar a coisas que ainda não têm a certeza se querem ou não”, comentou o Pe. Jorge Castela. Segundo este sacerdote que acompanha a pastoral juvenil na diocese da Guarda “isto talvez traga consigo uma certa falta de fé”, verificando-se ainda que a maior parte dos jovens que participa nos grupos são aqueles que já têm uma caminhada feita”, explicou.
Para fazer face a estas dificuldades, os próprios jovens tentaram encontrar soluções, que se traduzem em algumas propostas apresentadas. “A partilha, o intercâmbio, a criação de uma rede entre grupos” são ideias a ter em conta..

sexta-feira, março 10

Testemunhos dos Convivas

Já tinha ouvido falar dos Convívios Fraternos. Que eram uma ocasião de reflexão, convívio e encontro com Deus.Vim, e ao fim de 3 dias extraordinários, acho que tudo o que ouvi é pouco para descrever o que passei. Aliás, é completamente impossível descrever fielmente os sentimentos e as vivências de cada um. Jesus esteve perto, tão pertinho que senti o seu toque. Nunca esteve tão perto, tão forte, tão presente no meio de nós.Encontrei em cada conviva um companheiro de caminhada com quem compartilho um desejo de Paz e Amor entre todos, para alcançarmos um mundo melhor.Marcante, inesquecível!
Catarina Horta – Paços da Serra
O Convívio Fraterno 1000 foi um tempo especial de procura e encontro com Deus nos outros, o que se prolonga no infinito das nossas vidas.
Rafael – Vale de Estrela
Tudo começou numa noite mística com alguma incerteza quanto ao que se ia passar neste convívio. Sabia que era algo de bom, pois já mo tinham dito. Mas superou as minhas expectativas. Foi algo extraordinário.A alegria. A esperança e – claro - Deus, estiveram sempre presentes. Se pudesse repetir, fá-lo-ia.
Teófilo – S. Miguel da Guarda
Graças ao meu Senhor, fui convidada para participar no Convívio Fraterno 1000.Tenho de Lhe agradecer os óptimos momentos que aqui passei, desde as amizades aos jogos e às reflexões acerca da Igreja e da fé. Todos estes momentos ajudaram-me a crescer, principalmente as reflexões. Marcaram-me muito.Convido-te a reflectires em Jesus, para conheceres o quanto Ele te ama e tu o amas a Ele.
Joana Tomaz – Alverca da Beira

2 jovens de Celorico participaram no 1000 convivio fraterno

Apesar da véspera do fim-de-semana de Carnaval e da meteorologia prever temperaturas muito baixas e queda de neve, 20 dos 27 jovens inscritos para participar no CF1000, foram chegando à Cerdeira do Côa com alguns receios e talvez a tremer, não só devido ao frio, mas também à expectativa.
A “aventura” começou e então, gradualmente, foram disponibilizando o coração para o encontro com Deus. Reflectiram sobre “Quem sou”… “Para que existo”… entre outras coisas, descobrindo que cada um é chamado a ser Igreja. Sentiram a presença do Espírito Santo e viveram cada Eucaristia “como se fosse a primeira”.
Houve interessantes momentos de convívio, de alegria… cantaram imenso… rezaram… e às vezes fizeram-no em simultâneo. Ao gritar bem alto “Jesus Christ you are my life” quiseram comprometer-se. Sabem que Jesus conta com cada um deles, na sua individualidade e sentiram, pela vivência nestes três dias, a força da vida nova que os preenche e leva a responder afirmativamente ao chamamento de Cristo e a ser Sua testemunha.
Sabem que não estão sós. A presença do Bispo D. Manuel Felício também os encorajou e responsabilizou, sublinhando a importância de se tornarem jovens seguidores de Jesus e levarem essa decisão a sério.
No Encerramento, que aconteceu na segunda-feira à noite, os jovens convivas testemunharam um pouco do que viveram durante aqueles três dias e a esperança que têm para o futuro.Um pouco de história.
Os Convívios Fraternos são um movimento de espiritualidade e de acção de jovens católicos, que pretende despertar a fé e motivar o jovem para uma adesão a Jesus Cristo. Tem uma orgânica própria, a duração de três dias, e como instrumentos de conversão outros jovens, uma vez que “os jovens são os melhores apóstolos dos jovens”.
O primeiro Convívio Fraterno foi realizado em 1968, em Castelo Branco. Nestes 38 anos foram feitos 1000 convívios e já fizeram esta experiência 41mil jovens. Na Diocese da Guarda o movimento está implantado desde 1977, contando, neste momento, com 1622 convivas.Em quase 30 anos de uma história feliz na nossa diocese foram várias as casas que acolheram os Convívios Fraternos ao longo dos anos: Colégio de Santo António, na Covilhã; Seminário do Fundão; Santuário do Paúl; Seminário do Tortozendo; Colégio do Coração de Maria, Guarda; Colégio da Cerdeira do Côa; Seminário de Gouveia; Casa de N. Srª. Rainha do Mundo, Gouveia; Quinta da Tapada, Trancoso; Seminário de Fornos de Algodres; Colégio de S. Fiel.
Para comemorar esta história e esta efeméride, resolveu-se, numa reunião nacional ocorrida em Dezembro de 2005, que todas as dioceses realizariam o milésimo Convívio. Para além disso, celebra-se em Fátima de 7 a 10 de Setembro de 2006 a comemoração desta data jubilar do movimento. Nos dias 7 e 8 realizar-se-á um Congresso; nos dias 9 e 10 o Encontro - Animação Nacional, que este ano se pretende ainda mais participado e vivido.