sábado, janeiro 28

Novas linguagens para os jovens - Na sequência do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, D. António Carrilho fala dos desafios nesta área

Agência ECCLESIA - Sabemos da importância da escola na vida dos adolescentes e dos jovens, tanto pelos objectivos educativos da escola como pelo tempo em que nela se ocupam. Poderá, de facto, considerar-se a escola como um espaço a ter em conta na pastoral juvenil?
D. António Carrilho - Sendo a escola um espaço educativo e cultural, que congrega todos os jovens dos respectivos níveis etários, a Igreja não poderá desconhecer nem prescindir desse espaço para apresentar aos jovens as suas propostas de valores e alguns conhecimentos que lhes permitam ler e interpretar a tradição cultural portuguesa, marcada pelas suas raízes cristãs, bem patentes na história da nossa literatura, festas e património artístico.
(...)
Para os jovens católicos e todos quantos desejarem, é importante que a escola faculte, não apenas o conhecimento dos valores universalmente aceites nas grandes Declarações Universais (Direitos do Homem, Direitos da Criança, etc.), mas também os valores cristãos evangélicos, como referências para a vida.
AE - Estes aspectos são importantes na educação dos jovens, mas há outras dimensões da pastoral juvenil que não se concretizam no âmbito escolar...
AC – Sem dúvida. A experiência de fé em grupos de catequese e oração, as celebrações litúrgicas e algumas actividades apostólicas têm o seu espaço mais apropriado nas comunidades paroquiais e nos movimentos eclesiais que surgiram, com carismas próprios, para diversificar as possibilidades de resposta às necessidades e aspirações dos jovens.
É importante reconhecer que a acção da Igreja nas escolas, nas paróquias e nos movimentos, deve ser complementar, prestando aos jovens o apoio de que precisam e proporcionando-lhes uma integração eclesial activa.
AE- Pelo Conselho Nacional da Pastoral Juvenil passam, certamente, as principais questões relativas aos jovens e à acção da Igreja para eles e com eles. Quais são, neste momento, as prioridades?
AC – Há questões que tocam o fundamental da vida dos jovens, nesse período etário de crescimento para a maturidade (humana e cristã) – questões que são de sempre, mas que se revestem de particular importância no contexto cultural actual e exigem, por isso, uma cuidada atenção da Igreja. Refiro-me à questão do sentido da vida, em geral, e do projecto de vida de cada um, em especial.
É necessário conhecer a realidade juvenil e, quanto possível, os jovens mais em concreto, nas suas interrogações e aspirações íntimas, e colocá-los à descoberta do “tesouro”, da “pedra preciosa” pela qual vale a pena tudo sacrificar. Com mais ou menos formação cristã anterior, os jovens precisam de ser ajudados a descobrir um ideal de vida e a comprometer-se nele. Justifica-se, assim, a proposta de caminhada à descoberta de Jesus Cristo, que a Pastoral Juvenil lhes procura proporcionar, quanto possível em grupo com outros jovens. “Abri as portas a Cristo” – dizia-lhes o Papa João Paulo II muitas vezes. É que a identidade cristã está no encontro com Cristo e no seguimento de Cristo, tomando-O como “Caminho, Verdade e Vida”, tal como Ele se apresentou.
Esta é a grande proposta que a Igreja pode fazer aos jovens, tocando o essencial. Tudo o mais – tempos de reflexão e oração, convivências, actividades na comunidade cristã e fora dela – tudo isso é caminho para o encontro com o Mestre ou consequência dele. E podem ser muitos os caminhos...
AE- Significa isto que as actividades da pastoral juvenil, assim “situadas” nas dioceses, paróquias, movimentos e grupos vários, prescindem de grandes acções de conjunto ou contam também com elas?
AC - Para os jovens é muito importante o contacto, a relação e o testemunho de outros jovens, para além do contexto localizado das suas actividades habituais, tanto nos âmbitos diocesano, inter-diocesano e nacional, como no âmbito internacional. Esse contacto é útil como experiência de fé e comunhão eclesial, vivida com a imensa riqueza da diversidade de situações e respostas da Igreja, em expressões mais alargadas. É o caso, por exemplo, da participação nas Jornadas Mundiais da Juventude e em actividades nacionais programadas pelos Serviços Diocesanos com o Departamento Nacional de Pastoral Juvenil (peregrinação nacional “Fátima Jovem”, Festival Nacional da Canção Mensagem, etc.).
Fonte: Ecclesia

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