terça-feira, agosto 30

UMA LUFADA DE AR FRESCO

"Saúdo também com afecto a juventude aqui presente que fala em português. Espero, meus caros jovens, que vivais sempre como amigos de Jesus, para experimentar a verdadeira alegria de ser filhos de Deus e comunicá-la a todos, especialmente aos vossos semelhantes, especialmente os que se encontram em maiores dificuldades". Bento XVI, Colónia, 21 de Agosto.

COMENTÁRIOS
(...) Mas a Bento XVI posso já agradecer a alegria de ter conseguido que esta juventude não se sinta só. Por ter ajudado a recuperar o sentido de festa que é inerente à própria fé. Um milhão estava em Colónia. Muitos outros milhões ficaram por aí. A Igreja pode continuar a ser merecidamente criticada, mas é com inexplicável orgulho que a vemos não abdicar da liderança no combate pelas boas causas. Nas suas redes - como reconheceu o Papa em Colónia - há peixes bons e peixes maus. Cristo já avisara os do seu tempo, que nos seus campos e até ao fim dos tempos Deus deixaria crescer, a par e passo, o trigo e o joio. Há um novo fogo de esperança que abrasou a gélida e velha Europa. Talvez possamos todos aprender com este milhão de jovens que é possível salvar o mundo em que vivemos. (...) Graça Franco, Público, 22 de Agosto.
Sempre desconfiei destas enormes aglomerações de gente com um propósito comum. Cheira-me sempre a catárse colectiva. Mas a verdade é que fiquei estupefacto com o que vi. A festa-celebração de Colónia foi algo de magnífico e extraordinário, numa Europa onde apenas estamos habituados a ver este tipo de manifestação juvenil em festivais de música. O que os fez para ali convergir é, sem dúvida, uma enorme bofetada em todos os que ignoram o poder de Deus.E a melhor prova disso foi o silêncio, sepulcral, que a nossa comunidade bem-pensante, desde a blogosfera aos jornais, consagrou ao assunto. Portugal ainda tem muito que caminhar se quer exorcizar-se do seu complexo de esquerda. Até mesmo os opinion-makers ditos de direita. Dupont, in http://ovilacondense.blogspot.com/
A IGREJA E O MUNDO PODEM CONTAR COM OS JOVENS
As pessoas minimamente informadas, crentes ou não crentes, souberam das Jornadas Mundiais da Juventude que se realizaram na cidade de Colónia, na Alemanha, na semana passada. O encerramento aconteceu no domingo, com a participação de um milhão de jovens de 200 países. Católicos e de outras confissões cristãs, mas também de outras religiões, quiseram experimentar, no concreto, a universalidade da Igreja e a intemporalidade da Mensagem de Cristo, unindo-se para reflectir, rezar e escutar o novo Papa Bento XVI, num ambiente de saudável e contagiante alegria.
E quando muitos temiam que a falta do carismático João Paulo II poderia causar um rombo forte no entusiasmo dos jovens de todo o mundo, face ao tímido Bento XVI, eis que a juventude mostrou, à saciedade, que foi capaz de se aproximar do novo Papa, com a mesma alegria e com a mesma convicção com que acorria ao encontro do Papa velhinho, alquebrado pelos anos e pelas doenças, mas com um sorriso terno e amigo que cativava tudo e todos.
Afinal, os que têm pregado a morte de Deus nas novas sociedades, tão cheias de materialismo e despidas de espiritualidade, enganaram-se. Deus, realmente, continua no meio dos homens e mulheres de boa vontade do nosso tempo, decerto por formas diferentes das sentidas pelas gerações que nos precederam, mas continua. Promove generosidades, alimenta fraternidades, sugere o bem e o belo, indica caminhos de justiça e de verdade, conduz à paz e ao amor.
As muitas centenas de milhares de jovens disseram, no domingo, a quantos os quiseram ver e ouvir, no centro de uma Europa secularizada e à espera de uma recristianização que tarda, que a Igreja e o mundo podem e devem contar com eles.
Fernando Martins in http://pela-positiva.blogspot.com/
Lourenço um jovem que participou nas JMJ Colónia
A madrugada em Marienfeld anunciava um dia solarengo… mas à medida que o sol se erguia, as nuvens regressaram. Desta vez, a minha pouca fé já tinha aprendido uma lição com o dia de ontem: ao contrário do que previam os meteorologistas, a tempestade não se abateu sobre a Renânia. Comecei a acreditar nos que, com mais visão sobrenatural (ou uma boa dose de optimismo) afirmavam: não vai chover! E deixei de me preocupar com o tempo. Creio que isso nos ajudou a todos a seguir melhor as cerimónias. Até regressarmos aos alojamentos o céu suspendeu as águas, que tão abundantemente caíram, como viemos a saber mais tarde, no sul da Alemanha.
Aos poucos Marienfeld foi acordando. A noite não foi mal passada mas de madrugada, com algum ruído e com o frio a apertar, passou-se um pouco pior. Valeu-nos o café ou chá quente que os voluntários serviram…
As colunas de som decretaram o despertar geral ao som do hino das JMJ de 2000, em Roma: Emmanuel! Alguns aproveitaram esse tempo prévio à chegada do Papa para ir à tenda de adoração, enquanto outros tomavam o pequeno-almoço. Rezaram-se as laudes, com a profusão de cânticos a que nos habituámos desde a vigília de ontem. Independentemente da qualidade da música destas JMJ, há algo que me ocorre destacar: fazendo jus à tradição de música litúrgica alemã, nas celebrações destes dias o canto fez mais que servir de intermezzo entre as partes da liturgia: a música foi uma forma de oração.
Bento XVI voltou a Marienfeld pedindo desculpa por não poder estar mais perto de nós: os germânicos não previram que os latinos, obviamente, iriam ocupar os caminhos não vedados pelos quais o Papa deveria passar. Na homilia, após a um bela e densa introdução, falou com uma frontalidade que valeu os aplausos dos jovens ali reunidos:
[O fim-de-semana] permanece vazio se nele não está Deus. Queridos amigos: […] não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os demais a descobri-la. Certamente, para que dela emane a alegria que necessitamos, devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente, devemos aprender a amá-la. Comprometendo-nos a isso, vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e sua verdadeira grandeza: não somos os que fazem festa para nós, mas sim, ao contrário, o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus permite sempre iniciar de novo nossa vida.
Quem descobriu a Cristo deve levar a outros para Ele. Uma grande alegria não se pode guardar para si mesmo. É necessário transmiti-la.

Para assegurar a formação recta da consciência cristã, o Papa deixou conselhos bem práticos:
"O Papa João Paulo II nos deixou uma obra maravilhosa, na qual a fé secular se explica sinteticamente: o «Catecismo da Igreja Católica». Eu mesmo, recentemente, pude apresentar o «Compêndio» de tal Catecismo, que foi elaborado a pedido do falecido Papa. São dois livros fundamentais que queria recomendar a todos vós.
[…] Buscai a comunhão na fé como companheiros de caminhada que juntos vão seguindo o itinerário da grande peregrinação que primeiro nos assinalaram os Magos do Oriente. A espontaneidade das novas comunidades é importante, mas é desta forma importante conservar a comunhão com o Papa e com os Bispos. São eles os que garantem que não se estão buscando sendas particulares, mas que por sua vez se está vivendo naquela grande família de Deus que o Senhor fundou com os doze Apóstolos
".
Enquanto se despedia de nós, as imagens do Papa rodeado por 1.000.000 de jovens traziam-me à memória imagens semelhantes, com João Paulo II: tão diferentes, mas tão próximos!
Pouco tempo depois da partida do Papa, parecia que em Marienfeld se tinha travado uma batalha: o milhão de pessoas que aí tinha estado começara já o regresso e para trás ficavam os sacos de lixo, os plásticos com que se tinham protegido contra a humidade, sacos-cama, colchões de ar!!! Pensámos ficar mais tempo por ali, na esperança de que, se partíssemos mais tarde, o caos seria menor. Mas a tarde não estava agradável, e a actuação de Cliff Richard estava bem longe de nos cativar para permanecer mais tempo entre a relva húmida e a lama de Marienfeld. Após o almoço dos últimos farnéis juntámo-nos ao milhão de caminhantes que empreedera já o caminho de regresso.
Os cinco ou seis quilómetros a pé fizeram-se com alguma facilidade (apesar do cansaço) cantando à desgarrada… Depois foi o caos: tivemos a sorte de “conquistar” um autocarro para o nosso grupo que nos levaria até a uma estação de metro. Pouco depois foi o colapso dos transportes: alguns do nosso grupo chegaram aos alojamentos por volta das 11h00, mais de dez horas passadas sobre o final da celebração e vinte quilómetros percorridos a pé, entre Marinfeld e o centro de Colónia.
Quanto a mim, nunca uma paragem de metro me soube tão bem! E após dois dias de Marienfeld as salas de aula dos alojamentos fizeram esquecer qualquer hotel de cinco estrelas! Encaro até com algum humor a nossa nova situação: nos nossos novos alojamentos somos um terço dos peregrinos e temos metade dos chuveiros: ou seja, temos um chuveiro para cem pessoas!!! O que não é mau de todo: enquanto espero pela minha vez (faltam cerca de 45 minutos) vou terminando estas notas. Lourenço in http://catacumbas.blogspot.com/

2 comentários:

Pedro F. disse...

Grande ideia, este blog...
Mas onde é que foram buscar a ideia de que eu sou minhoto?

Anónimo disse...

desculpa,então foi engano.Eu vou corrigir.